Amy Hendrickson
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6 \documentclass{rbe}
7 \begin{document}
8 \begin{article}
9 \currlanguage{portuges}
11 \title{Aposentadoria, Pressão Salarial e Desemprego por Nível de
12 Qualificação\thanks{Os autores agradecem os comentários e sugestões
13 de Gustavo Gonzaga, Eduardo Rios-Neto, Reynaldo Fernandes, Ricardo
14 Paes de Barros, participantes do XXVI Encontro Brasileiro de
15 Econometria e um parecerista anônimo.}}
17 \author{
18 Jos\'{e} M\'{a}rcio Camargo\thanks{Pontif\'{\i}cia Universidade
19 Cat\'{o}lica do Rio de Janeiro, Departamento de Economia. Rua
20 Marqu\^{e}s de S\~{a}o Vicente, 225 -- G\'{a}vea. CEP:~22453-900,
21 Rio de Janeiro, RJ. Email: \email{jcamargo@econ.puc-rio.br}.},
22 Maur\'{\i}cio Cortez Reis\thanks{IPEA. Rua Presidente Ant\^{o}nio
23 Carlos, 51 -- 14$^o$ andar, sala 1409 -- Centro. CEP:~20020-010,
24 Rio de Janeiro, RJ. Email: \email{mcreis@ipea.gov.br}.}}
26 \headerauthor{José Márcio Camargo, Maurício Cortez Reis}
28 \headertitle{Aposentadoria, Pressão Salarial e Desemprego por Nível de Qualificação}
30 \maketitle
31 \tableofcontents
33 \begin{palavraschave}
34 Desemprego; Aposentadoria; N\'{\i}vel de Qualifica\c{c}\~{a}o.
35 \end{palavraschave}
37 \begin{classificacao}
38 J23; J26; J64.
39 \end{classificacao}
41 \resumo{Durante os anos noventa ocorreu um aumento significativo da
42 taxa de desemprego no Brasil. Durante esse per\'{\i}odo tamb\'{e}m
43 foi observado um aumento do valor da aposentadoria domiciliar per
44 capita (a renda da aposentadoria dos domic\'{\i}lios dividida pelo
45 n\'{u}mero de moradores destes domic\'{\i}lios). Essas mudan\c{c}as
46 foram mais intensas para os trabalhadores com baixo n\'{\i}vel de
47 qualifica\c{c}\~{a}o. De acordo com o argumento proposto neste
48 artigo, a maior renda decorrente da aposentadoria aumentou o
49 sal\'{a}rio de reserva dos trabalhadores, ainda que os
50 benef\'{\i}cios fossem recebidos por outros membros do
51 domic\'{\i}lio que n\~{a}o os participantes da PEA. O sal\'{a}rio de
52 reserva mais elevado, por sua vez, teria gerado um aumento da
53 press\~{a}o salarial, levando a maiores taxas de desemprego, assim
54 como \`{a} maior incid\^{e}ncia de desemprego de longo prazo. Os
55 resultados, usando dados da PNAD de 1981 a 1999, mostram que maiores
56 aposentadorias est\~{a}o relacionadas a taxas mais altas de
57 desemprego e de desemprego de longo prazo para os trabalhadores
58 n\~{a}o-qualificados.}{During the nineties the unemployment rate and
59 the household retirement income per capita rose sharply in
60 Brazil. It happened in a more intense way for the unskilled workers
61 than for the other groups. According to the argument of this paper,
62 the increase in household retirement income could have affected
63 workers reservation wage, augmenting their wage pressure. In this
64 way, wage pressure changes could have implied higher unemployment
65 and long-term unemployment rates. The empirical evidence, using PNAD
66 data from 1981 to 1999, shows that household retirement income has a
67 positive effect on the unemployment rate and on the long-term
68 unemployment rate for unskilled workers.}
70 \section{Introdu\c{c}\~{a}o}
72 Ao longo dos anos noventa, houve um importante aumento da taxa de
73 desemprego aberto no Brasil. Dados da PNAD para indiv\'{\i}duos entre
74 25 e 59 anos nas \'{a}reas urbanas mostram que a taxa de desemprego
75 aberto subiu de 3,1\% para 8,6\% da Popula\c{c}\~{a}o Economicamente
76 Ativa (PEA) entre 1990 e 1999. Os aumentos da taxa de desemprego foram
77 mais acentuados entre os trabalhadores menos qualificados, com menores
78 sal\'{a}rios, do que entre os mais qualificados. Enquanto a taxa de
79 desemprego dos trabalhadores qualificados aumentou 4,4 pontos
80 percentuais entre 1990 e 1999, a taxa dos n\~{a}o-qualificados
81 aumentou 6,64 pontos percentuais.\footnote{Os trabalhadores s\~{a}o
82 divididos em tr\^{e}s grupos de qualifica\c{c}\~{a}o, com base no
83 n\'{\i}vel de escolaridade: n\~{a}o-qualificados (indiv\'{\i}duos
84 que n\~{a}o completaram o prim\'{a}rio), semi-qualificados
85 (definidos como os indiv\'{\i}duos com o segundo grau incompleto) e
86 qualificados (com pelo menos o segundo grau completo).}
88 O aumento mais intenso da taxa de desemprego para os trabalhadores com
89 n\'{\i}veis mais baixos de qualifica\c{c}\~{a}o pode, pelo menos em
90 parte, ser explicado pelo intenso processo de incorpora\c{c}\~{a}o de
91 novas tecnologias que se seguiu \`{a} abertura da economia brasileira
92 no in\'{\i}cio dos anos noventa. Como estas s\~{a}o tecnologias mais
93 intensivas em trabalhadores qualificados, a demanda relativa por
94 trabalho n\~{a}o-qualificado deve ter ca\'{\i}do ao longo do
95 per\'{\i}odo. Como a estrutura da oferta varia mais lentamente, o
96 resultado \'{e} mais desemprego para este grupo de
97 trabalhadores. Por\'{e}m, como este \'{e} tamb\'{e}m o segmento mais
98 flex\'{\i}vel do mercado de trabalho, ou seja, a le\-gisla\c{c}\~{a}o
99 trabalhista \'{e} menos efetiva e t\^{e}m baixa capacidade de
100 organiza\c{c}\~{a}o sindical, a pergunta \'{e} porque os sal\'{a}rios
101 reais n\~{a}o se ajustaram para evitar este aumento da taxa de
102 desemprego. O comportamento do rendimento m\'{e}dio do trabalho
103 principal sugere que efeitos relacionados \`{a} press\~{a}o salarial
104 devem ter tido um papel importante nesse sentido. Apesar dos
105 trabalhadores n\~{a}o-qualificados terem experimentado o maior aumento
106 na taxa de desemprego, seus rendimentos aumentaram em rela\c{c}\~{a}o
107 aos semi-qualificados e qualificados. O comportamento do sal\'{a}rio
108 m\'{\i}nimo poderia ter levado a esses resultados sobre o desemprego e
109 os rendimentos. Entretanto, n\~{a}o se nota uma tend\^{e}ncia clara de
110 aumento do valor real do sal\'{a}rio m\'{\i}nimo entre o final da
111 década de oitenta e o final dos anos noventa.
113 Um segundo fato estilizado importante ocorrido a partir da d\'{e}cada
114 de noventa foi o aumento do valor da aposentadoria domiciliar per
115 capita (ou seja, da renda da aposentadoria dos domic\'{\i}lios
116 dividida pelo n\'{u}mero de moradores destes mesmos domic\'{\i}lios).
117 Este aumento foi acompanhado de forte redu\c{c}\~{a}o do rendimento do
118 trabalho principal. O resultado foi que a participa\c{c}\~{a}o das
119 aposentadorias na renda domiciliar per capita cresceu substancialmente
120 na d\'{e}cada de noventa.
122 Neste artigo, argumentamos que estes dois fen\^{o}menos est\~{a}o
123 intimamente interligados. A maior renda decorrente da aposentadoria
124 teria aumentado o sal\'{a}rio de reserva dos trabalhadores, ainda que
125 os benef\'{\i}cios fossem recebidos por outros membros do
126 domic\'{\i}lio que n\~{a}o os participantes da PEA, supondo que esta
127 renda fosse distribu\'{\i}da entre os membros dos domic\'{\i}lios. O
128 aumento do sal\'{a}rio de reserva, por sua vez, teria gerado um
129 aumento da press\~{a}o salarial, levando a maiores taxas de desemprego
130 e \`{a} maior incid\^{e}ncia de desemprego de longo prazo, definida
131 nesse trabalho como a propor\c{c}\~{a}o dos desempregados com mais de
132 um ano nesta condi\c{c}\~{a}o. Os aumentos no sal\'{a}rio reserva
133 tamb\'{e}m teriam influenciado as decis\~{o}es de participa\c{c}\~{a}o
134 dos trabalhadores.\footnote{O ap\^{e}ndice procura apresentar esse
135 argumento com mais detalhes.}
138 \section{Mercado de Trabalho e Sistema de Aposentadorias no Brasil: Uma Breve Descri\c{c}\~{a}o das Principais Altera\c{c}\~{o}es nos Anos 80 e 90}
140 A d\'{e}cada de noventa foi marcada por mudan\c{c}as importantes no
141 mercado de trabalho brasileiro. O processo de liberaliza\c{c}\~{a}o,
142 iniciado em 1988, foi intensificado a partir de 1990. Com isso, a
143 demanda relativa por trabalho qualificado parece ter sido bastante
144 alterada. Tecnologias mais modernas passaram a ser incorporadas ao
145 processo produtivo com muito mais intensidade a partir da d\'{e}cada
146 de noventa, aumentando a demanda por trabalhadores qualificados em
147 rela\c{c}\~{a}o aos trabalhadores com n\'{\i}veis mais baixos de
148 qualifica\c{c}\~{a}o \citep{Fernandes:2002}. A maior entrada de
149 produtos industrializados aumentou a competi\c{c}\~{a}o no mercado
150 interno. Al\'{e}m disso, durante os anos noventa, ocorreu um programa
151 de privatiza\c{c}\~{o}es bastante amplo, o que tamb\'{e}m deve ter
152 contribu\'{\i}do para alterar a estrutura da demanda por trabalho
153 atrav\'{e}s do aumento da competi\c{c}\~{a}o no mercado dom\'{e}stico.
154 Outro fato importante observado durante esse per\'{\i}odo foi a
155 altera\c{c}\~{a}o na composi\c{c}\~{a}o da for\c{c}a de trabalho por
156 educa\c{c}\~{a}o, com o aumento na participa\c{c}\~{a}o de
157 indiv\'{\i}duos mais escolarizados na Popula\c{c}\~{a}o Economicamente
158 Ativa.
160 A legisla\c{c}\~{a}o trabalhista tamb\'{e}m passou por
161 modifica\c{c}\~{o}es importantes com a aprova\c{c}\~{a}o da
162 constitui\c{c}\~{a}o de 1988, gerando uma s\'{e}ria de
163 restri\c{c}\~{o}es ao funcionamento do mercado de trabalho
164 \citep{Barros:1999}. Os custos das firmas com a m\~{a}o-de-obra foram
165 aumentados e a nova legisla\c{c}\~{a}o ampliou os incentivos para os
166 trabalhadores provocarem a pr\'{o}pria demiss\~{a}o, elevando a
167 rotatividade no mercado de trabalho \citep{Gonzaga:2003}.
169 A Constitui\c{c}\~{a}o de 1988 instituiu uma s\'{e}rie de mudan\c{c}as
170 no sistema previdenci\'{a}rio brasileiro. Como resultado dessas
171 reformas, os gastos com aposentadoria aumentaram consideravelmente nos
172 anos noventa, principalmente pelo aumento no n\'{u}mero de
173 beneficiados \citep{Giambiagi:1997,Najberg:1999}. Para as mulheres, o
174 tempo de servi\c{c}o necess\'{a}rio para a aposentadoria foi reduzido
175 em 5 anos. A concess\~{a}o de aposentadoria por idade tamb\'{e}m
176 sofreu uma redu\c{c}\~{a}o de 5 anos para os trabalhadores rurais em
177 rela\c{c}\~{a}o aos trabalhadores urbanos. Al\'{e}m disso, a LOAS (Lei
178 Org\^{a}nica de Assist\^{e}ncia Social) aboliu a necessidade de
179 contribui\c{c}\~{a}o para a concess\~{a}o de benef\'{\i}cios por
180 idade. Trabalhadores rurais tiveram ganhos nos valores dos
181 benef\'{\i}cios com a equipara\c{c}\~{a}o entre trabalhadores rurais e
182 urbanos. Antes da constitui\c{c}\~{a}o o menor benef\'{\i}cio
183 concedido a um trabalhador urbano era de 1 sal\'{a}rio m\'{\i}nimo,
184 enquanto o valor m\'{\i}nimo para um trabalhador rural era de 50\% do
185 valor do sal\'{a}rio m\'{\i}nimo. Os Servidores p\'{u}blicos
186 tamb\'{e}m tiveram vantagens consider\'{a}veis, j\'{a} que as
187 aposentadorias passaram a ocorrer com proventos iguais a ultima
188 remunera\c{c}\~{a}o do trabalhador. Em 1998, uma nova reforma limitou
189 a generosidade do sistema de previd\^{e}ncia brasileiro.
193 \section{An\'{a}lise Descritiva}
195 Esta se\c{c}\~{a}o descreve os comportamentos do desemprego, da renda
196 de aposentadoria e da taxa de participa\c{c}\~{a}o, durante as
197 d\'{e}cadas de 80 e 90. Essas an\'{a}lises s\~{a}o implementadas tanto
198 em termos agregados como para cada n\'{\i}vel de qualifica\c{c}\~{a}o
199 separadamente, procurando identificar diferen\c{c}as nas
200 trajet\'{o}rias entre esses grupos.
203 \subsection{Desemprego}
205 A tabela~\ref{tab:1} apresenta dados relativos ao desemprego agregado
206 entre 1981 e 1999. Nota-se, pela primeira coluna, que durante a
207 d\'{e}cada de noventa ocorreu um grande aumento na taxa desemprego,
208 que passou de 3,12\% em 1990 para 8,58\% em 1999. Como mostra a
209 segunda coluna, tamb\'{e}m a partir de 1990, aumenta substancialmente
210 o desemprego de longo prazo. A taxa de desemprego de longo prazo
211 passou de 0,97\% em 1990 para 4,48\% em 1999. Entre 1990 e 1999 a
212 porcentagem dos desempregados que estavam sem emprego h\'{a} um ano ou
213 mais aumentou de 31\% para 52\%. Contrastando com essas evid\^{e}ncias
214 para os anos noventa, na d\'{e}cada anterior n\~{a}o se nota qualquer
215 tend\^{e}ncia espec\'{\i}fica para essas tr\^{e}s vari\'{a}veis.
217 \begin{table}[htbp]
218 \centering
219 \scalefont{0.85}
220 \caption{Taxas de Desemprego (\%) -- 1981:1999}\label{tab:1}
221 \begin{tabular}{|c|c|c|c|} \hline
222 & Taxa de desemprego & Taxa de desemprego de & Desempregados há mais de \\
223 & & longo prazo & um ano sem emprego \\ \hline
224 Ano & (1) & (2) & (3) \\ \hline
225 81 & 3,35 & 1,05 & 31,39 \\
226 82 & 3,01 & 0,87 & 28,94 \\
227 83 & 4,23 & 1,22 & 28,85 \\
228 84 & 3,37 & 1,22 & 36,08 \\
229 85 & 2,67 & 0,98 & 36,75 \\
230 86 & 1,82 & 0,62 & 33,92 \\
231 87 & 2,80 & 0,79 & 28,14 \\
232 88 & 2,95 & 1,00 & 33,83 \\
233 89 & 2,49 & 0,79 & 31,90 \\
234 90 & 3,12 & 0,97 & 31,13 \\
235 92 & 5,94 & 2,39 & 40,24 \\
236 93 & 5,48 & 2,39 & 43,60 \\
237 95 & 5,31 & 2,04 & 38,35 \\
238 96 & 6,18 & 2,81 & 45,46 \\
239 97 & 6,90 & 3,11 & 45,06 \\
240 98 & 7,70 & 3,89 & 50,44 \\
241 99 & 8,58 & 4,48 & 52,22 \\ \hline
242 $\Delta$(99-81) & 5,23 & 3,43 & 20,83 \\
243 $\Delta$(99-90) & 5,46 & 3,51 & 21,09 \\ \hline
244 \multicolumn{4}{p{11cm}}{\scriptsize Fonte: PNAD. A amostra é formada pelos indivíduos residentes nas áreas urbanas entre 25 e 59 anos que participam da PEA.} \\
245 \multicolumn{4}{p{11cm}}{\scriptsize Os desempregados de longo prazo são definidos como os indivíduos desempregados na semana de referência sem emprego há pelo menos 1 ano.}
246 \end{tabular}
247 \end{table}
249 == body of paper here ==
251 \bibliografia{samp1}
253 \appendix
255 \section{Efeitos da aposentadoria sobre o desemprego e a participa\c{c}\~{a}o}
257 Este ap\^{e}ndice procura descrever o mecanismo atrav\'{e}s do qual a
258 aposentadoria, ou uma renda n\~{a}o necessariamente condicionada ao
259 fato do trabalhador estar desempregado, pode influenciar o desemprego
260 e a taxa de participa\c{c}\~{a}o. Para isso, \'{e} considerado um
261 modelo de uma economia com fluxos de entrada e sa\'{\i}da de
262 indiv\'{\i}duos do desemprego para o emprego, semelhante \`{a}
263 \cite{Pissarides:2000}.
265 Nesse modelo empregos s\~{a}o criados e destru\'{\i}dos
266 continuamente. A cada instante de tempo uma fra\c{c}\~{a}o ex\'{o}gena
267 s dos empregos, ocupados ou vagos, se torna n\~{a}o-produtiva e \'{e}
268 fechada. Quando os empregos est\~{a}o preenchidos, eles geram um
269 n\'{\i}vel de produ\c{c}\~{a}o igual a $y$ a cada instante de tempo. A
270 for\c{c}a de trabalho \'{e} normalizada para 1, sendo que u
271 indiv\'{\i}duos est\~{a}o desempregados e $n = (1-u)$ est\~{a}o
272 empregados. As vagas oferecidas nessa economia s\~{a}o representadas
273 por $v$, e a cada instante de tempo $h$ trabalhadores s\~{a}o
274 contratados. O processo atrav\'{e}s do qual vagas e trabalhadores
275 s\~{a}o encaixados \'{e} representado atrav\'{e}s da fun\c{c}\~{a}o
276 \emph{matching}: $h_{t} =m\left( u,v\right)$; onde $m_{u} \geq 0$ e
277 $m_{v} \geq 0$, e $m\left( u,v\right)$ tem retornos constantes de
278 escala.\footnote{Essa fun\c{c}\~{a}o resume as heterogeneidades,
279 fric\c{c}\~{o}es e informa\c{c}\~{o}es imperfeitas no mercado de
280 trabalho, que fazem com que recursos sejam gastos na
281 aquisi\c{c}\~{a}o de informa\c{c}\~{a}o e re-treinamento de
282 empregados, por exemplo. Nessa fun\c{c}\~{a}o est\~{a}o
283 representados os investimentos de recursos por parte das firmas e
284 dos trabalhadores nesse processo.} Portanto, a din\^{a}mica do
285 desemprego nessa economia \'{e} dada por:
286 $\overset{\bullet}{u}=s(1-u)-h$.
288 Supondo uma fun\c{c}\~{a}o utilidade crescente e c\^{o}ncava,
289 varia\c{c}\~{o}es na renda proveniente da aposentadoria do pr\'{o}prio
290 trabalhador ou de outro membro da fam\'{\i}lia no domic\'{\i}lio,
291 desde que esta renda seja distribu\'{\i}da entre os integrantes do
292 domic\'{\i}lio, podem influenciar a taxa de desemprego de
293 equil\'{\i}brio.\footnote{\cite{Blanchard:1989}.} De acordo com o
294 modelo, um aumento na renda da aposentadoria no domic\'{\i}lio levaria
295 a um aumento no sal\'{a}rio de reserva dos trabalhadores, que se
296 tornariam mais seletivos em rela\c{c}\~{a}o \`{a}s propostas de
297 emprego. Esse aumento no sal\'{a}rio de reserva faria com que a
298 press\~{a}o salarial se tornasse maior. Com isso, o incentivo para a
299 cria\c{c}\~{a}o de vagas por parte das firmas diminuiria, j\'{a} que
300 os sal\'{a}rios pagos aos trabalhadores seriam mais altos. Como
301 resultado, a taxa de sa\'{\i}da dos trabalhadores do desemprego
302 diminuiria, provocando aumentos na taxa de desemprego de
303 equil\'{\i}brio, assim como na dura\c{c}\~{a}o do desemprego.
305 J\'{a} para descrever o efeito da aposentadoria sobre a decis\~{a}o de
306 cada indiv\'{\i}duo de participar do mercado de trabalho, s\~{a}o
307 acrescentadas algumas hip\'{o}teses ao modelo. Seguindo
308 \cite{Pissarides:2000}, supomos que os trabalhadores fora da for\c{c}a
309 de trabalho recebem uma utilidade l$_{0}$ proveniente do lazer. O
310 efeito do lazer sobre a utilidade varia entre os indiv\'{\i}duos por
311 diferen\c{c}as nas prefer\^{e}ncias,\footnote{\cite{Pissarides:2000}
312 justifica a hip\'{o}tese do lazer para indiv\'{\i}duos que n\~{a}o
313 participam ser maior do que para os desempregados pelos custos de
314 busca e pela indivisibilidade do tempo para algumas atividades de
315 lazer.} onde $l_{0}$ segue uma distribui\c{c}\~{a}o com densidade
316 acumulada H(l$_{0}$). Supomos tamb\'{e}m que essa utilidade com o
317 lazer \'{e} complementar a renda do indiv\'{\i}duo.
319 A utilidade de um indiv\'{\i}duo que n\~{a}o participa do mercado de
320 trabalho \'{e} $l_{0} g\left( A\right)$, onde $l_{0}>1$ e $A$ \'{e} a
321 renda com aposentadoria. Portanto, um indiv\'{\i}duo prefere
322 participar do mercado de trabalho se $rV_{U} >l_{0} g\left( A\right)$,
323 ou seja, se o valor presente esperado da utilidade do indiv\'{\i}duo,
324 caso esteja desempregado, for superior a utilidade obtida sem
325 participar. Pode-se mostrar que isso \'{e} equivalente a seguinte
326 condi\c{c}\~{a}o: $\frac{\left( r+s\right) g\left( A\right) +\left(
327 h/u \right) g\left( w+A\right) }{\left( r+s\right) +\left( h/u
328 \right) } >l_{0} g\left(A\right)$.
330 Portanto, a regra que define a participa\c{c}\~{a}o de um
331 indiv\'{\i}duo com utilidade do lazer igual a $l_{0}$ \'{e} dada por:
332 $P=\frac{\left( r+s\right) g\left( A\right) +\left( h/u \right)
333 g\left(w+A\right) }{\left( r+s\right) +\left( h/u \right) } -l_{0}
334 g\left(A\right)$.
336 Se $P>0$, o indiv\'{\i}duo participa. Caso contr\'{a}rio, ele prefere
337 n\~{a}o participar do mercado de trabalho. O efeito de uma
338 varia\c{c}\~{a}o na aposentadoria sobre essa decis\~{a}o pode ser
339 avaliado pela derivada abaixo:
341 \begin{eqnarray}
342 \frac{\partial P}{\partial A} &=&\Biggl\{ \left[ \left( 1-l_{0} \right)
343 g^{\prime} \left( A\right) \left( r+s\right) \right] +\left[ g\left(
344 w+A\right) -g\left( A\right) \right] \left( \frac{r+s}{D} \right)
345 \frac{\partial \left( h/u \right) }{\partial A} \\ \nonumber
346 &+&\left( \frac{h}{u}
347 \right) g^{\prime} \left( w+A\right) \left[ 1+\frac{\partial w}{\partial
348 \left( h/u \right) } \frac{\partial \left( h/u \right) }{\partial A}
349 \right] -l_{0} g^{\prime} \left( A\right) \left( \frac{h}{u} \right)
350 \Biggr\} \frac{1}{D}
351 \end{eqnarray}
352 onde $D=\left[ r+s+\left( h/u \right) \right] >0$.
354 O primeiro termo da equa\c{c}\~{a}o acima \'{e} negativo, pois $\left(
355 1-l_{0} \right)<0$. O segundo termo tamb\'{e}m \'{e} negativo,
356 j\'{a} que $\left[ g\left( w+A\right) -g\left( A\right) \right] >0$ e
357 $\frac{\partial \left( h/u \right) }{\partial A} <0$, e pode-se
358 mostrar que $\left[ \frac{\partial w}{\partial \left( h/u \right) }
359 \frac{\partial \left( h/u \right) }{\partial A} \right] >0$. Pelas
360 caracter\'{\i}sticas da fun\c{c}\~{a}o $g\left( \bullet \right)$ , que
361 fazem com que $\left[ g^{\prime} \left( w+A\right) <g^{\prime} \left(
362 A\right) \right]$, e pelo fato de que $l_{0}>1$, a soma do
363 terceiro com o quarto termo deve ser negativa, exceto se a
364 varia\c{c}\~{a}o no sal\'{a}rio proporcionada pelo aumento na
365 aposentadoria for suficientemente elevada. Portanto, uma maior
366 aposentadoria incentivaria a n\~{a}o-participa\c{c}\~{a}o atrav\'{e}s
367 da redu\c{c}\~{a}o na taxa de sa\'{\i}da do desemprego para o emprego,
368 e pelo fato do lazer e a renda da aposentadoria serem complementares.
369 Por outro lado, o aumento no sal\'{a}rio de equil\'{\i}brio contribui
370 para reduzir esse efeito. \'{E} importante notar que pelas
371 caracter\'{\i}sticas do modelo, com retornos constantes de escala para
372 a fun\c{c}\~{a}o de produ\c{c}\~{a}o e a fun\c{c}\~{a}o
373 \emph{matching}, mudan\c{c}as na participa\c{c}\~{a}o n\~{a}o
374 influenciam os resultados para a taxa de desemprego.
377 \begin{table}[htbp]
378 \centering
379 \scalefont{0.85}
380 \setlength{\tabcolsep}{1.3pt}
381 \caption{Taxa de Participação dos Homens por Qualificação (\%) -- 1981: 1999}\label{tab:22}
382 \begin{tabular}{|c|c|c|c|c|} \hline
383 & Não- & Semi- & Qualificados & Total \\
384 & qualificados & qualificados & & \\ \hline
385 Ano & (1) & (2) & (3) & (4) \\ \hline
386 81 & 89,43 & 93,06 & 95,28 & 92,14 \\
387 82 & 89,79 & 93,01 & 96,05 & 92,38 \\
388 83 & 89,51 & 92,87 & 95,46 & 92,21 \\
389 84 & 88,63 & 92,59 & 95,47 & 91,80 \\
390 85 & 89,42 & 92,91 & 95,79 & 92,39 \\
391 86 & 89,36 & 92,72 & 95,55 & 92,31 \\
392 87 & 89,97 & 93,88 & 96,03 & 93,19 \\
393 88 & 90,01 & 93,28 & 95,84 & 92,90 \\
394 89 & 89,06 & 93,04 & 96,09 & 92,62 \\
395 90 & 89,14 & 93,31 & 94,87 & 92,53 \\
396 92 & 88,88 & 92,44 & 95,21 & 92,10 \\
397 93 & 88,26 & 92,75 & 95,03 & 92,07 \\
398 95 & 87,68 & 92,90 & 94,99 & 92,04 \\
399 96 & 86,24 & 91,47 & 94,12 & 90,85 \\
400 97 & 86,95 & 91,71 & 94,32 & 91,24 \\
401 98 & 86,20 & 91,04 & 94,02 & 90,73 \\
402 99 & 86,51 & 91,42 & 93,75 & 90,94 \\ \hline
403 $\Delta$ (99-81) & -2,91 & -1,64 & -1,54 & -1,20 \\ \hline
404 $\Delta$ (90-81) & -0,29 & 0,24 & -0,42 & 0,40 \\ \hline
405 $\Delta$ (99-90) & -2,62 & -1,88 & -1,12 & -1,59 \\ \hline
406 \multicolumn{5}{p{10cm}}{\scriptsize Fonte: PNAD. A amostra é formada pelos homens residentes nas áreas urbanas entre 25 e 59 anos.}
407 \end{tabular}
408 \end{table}
411 \begin{figure}[htbp]
412 \centering
413 \caption{Evolução temporal das TIR's adicionais -- PNAD e Censo}\label{fig:pan6}
414 \includegraphics[width=\textwidth]{figsamp.pdf}
415 \end{figure}
416 \end{article}
417 \end{document}